Postado por - Newton Duarte

Técnicos se reúnem na CBF e buscam mecanismos para limitar demissões

Técnicos se reúnem na CBF e explicam que medidas também deverão proteger os clubes, e estudam a criação de cursos de longa duração para formação de profissionais

A CBF realiza em sua sede nesta segunda-feira o 2º Encontro de Técnicos. O evento foi iniciado às 10h30 e tem previsão de duração até 16h. Alguns treinadores, contudo, tiveram de deixar o auditório da sede da entidade mais cedo, casos de Levir Culpi, do Fluminense, Muricy Ramalho, do Flamengo, e Jorginho, do Vasco. Na mão contrária, Edgardo Bauza, do São Paulo, e Diego Aguirre, do Atlético-MG, chegaram praticamente juntos, pouco antes das 14h. Entre os técnicos da Série A do Brasileiro, além dos quatro rebaixados em 2015 que também participaram, oito faltaram: Cuca, do Palmeiras; Givanildo, do América-MG; Roger, do Grêmio; Ricardo Gomes, do Botafogo; Gilson Kleina, do Coritiba; Paulo Autuori, do Atlético-PR; Guto Ferreira, da Chapecoense e Hemerson Maria, do Joinville.

No primeiro encontro, realizado em 2015, foram discutidas mudanças posteriormente adotadas pela CBF, como a padronização dos gramados. Neste ano, a principal proposta é uma legislação de proteção aos treinadores.

- Há muito tempo tenho um canal com o Gilmar (Rinaldi, coordenador da seleção brasileira), a gente tem um encontro mensal em São Paulo com um pessoal para discutir futebol. O que venho insistindo muito com ele e que vai acontecer são cursos de longo prazo para técnicos, como por exemplo tem na Uefa, de no mínimo dois anos, e também sobre os técnicos, leis de proteção dos treinadores e dos próprios clubes. Fiquei feliz de estar vendo, porque são coisas que estamos conversando há algum tempo - disse Muricy Ramalho.

O treinador explicou que a proposta é tentar dar estabilidade aos profissionais, e também impedir que clubes percam seus treinadores a todo momento:

- É uma das coisas que estão olhando com carinho. O técnico tem de ter um pouco mais de proteção, os clubes também. Não pode acontecer de o técnico receber qualquer proposta e ir embora. Mas não pode ter 32 técnicos demitidos em um campeonato, isso é um absurdo, só no Brasil. Então tem de mudar isso também. Eles têm uma proposta boa, tem de ser como um emprego, e não é. Uns têm multa, outros não têm. Não é para mudar o futebol brasileiro? Senão fica essa coisa de no domingo é bom, na quarta é ruim.

O técnico do Vasco, Jorginho, explicou que a ideia de proteger os treinadores ainda tem de ser amadurecida e que a forma como isso será feito ainda não está decidida:

- A gente tem que olhar sempre os dois lados. É muito importante partir de nós, treinadores, uma seriedade, uma fidelidade, e buscar uma estabilidade para nós, treinadores. É o que esperamos. Uma das formas para que isso melhore é que o clube que demitir um treinador acerte completamente com esse treinador. O treinador muitas vezes fica quatro, cinco anos na Justiça para receber. Uma das formas é que tenha uma multa rescisória ou que tenham que pagar de imediato, antes de contratar o treinador seguinte, que tenham que acertar essa parte financeira. Vão surgir muitas outras sugestões. Por exemplo, um treinador que acabou de ser demitido na primeira divisão não pode assumir outra equipe. Seria uma medida interessante.

Levir Culpi, autor da proposta de padronização de gramados adotada pela CBF, elogiou a iniciativa da entidade:

- Essa medida da CBF realmente deve ser acompanhada por todos. É um movimento para melhorar essa situação. Falamos sobre calendário, leis trabalhistas, planos de treinamentos, de deixar gravado. Não temos um histórico de nosso futebol. A CBF tem um banco de dados muito legal. Quem vem pela frente tem que entender o que aconteceu.

Sobre a implementação da sua proposta, o técnico tricolor completou:

- Fico até com vergonha de falar sobre isso, porque estamos em 2016 e brigamos pela dimensão dos gramados. Isso já foi oficializado. A CBF está bancando. Os campos terão as mesmas medidas.

Jogos às 11h em pauta

Argel Fucks, do Internacional, que deixou o evento por volta das 15h, falou sobre outra questão discutida com os treinadores: os jogos às 11h. Ele quer que todas as equipes disputem aproximadamente o mesmo número de partidas nesse horário:

- O que a gente pediu, e isso foi uma reivindicação minha, é que a gente é a favor dos jogos às 11h, até porque teve uma satisfação muito grande dos torcedores. Mas que todos os clubes possam jogar, não o que aconteceu ano passado, com um time jogando sete vezes e outros duas, uma, nenhuma. É válido o jogo às 11h, desde que os 20 clubes joguem três, quatro, cinco vezes, para ficarem em pé de igualdade. Tem que ser igualdade. Tem que ter uma tabela. Ou todos jogam, ou ninguém joga. O que não pode é, como aconteceu ano passado, o Joinville jogar sete rodadas às 11h e outros jogarem uma ou duas. É essa igualdade que a gente quer.

Treinador do Vitória, Vagner Mancini destacou a diferença de temperatura entre os estados brasileiros e defendeu maior número de jogos nesse horário em regiões com temperaturas mais amenas:

- Tem que ter um equilíbrio. Jogar às 11h no Sul é uma coisa, no Nordeste é outra. Muita gente diz que vai ser lesado, mas os dois times acordam no mesmo horário, os dois enfrentam calor e frio. Dá para jogar às 11h. Talvez a qualidade caia. Acho mais inteligente jogar em Curitiba, Porto Alegre, São Paulo. Com bom senso, dá para usar.

Tite, técnico do Corinthians, discorda. E é enfático ao criticar os jogos às 11h. Ao deixar o evento, ele afirmou ser radicalmente contra partidas nesse horário:

- Não. Absolutamente não. Não com menos de 72 horas. Não é pelo lado familiar: é pelo risco muito grande que se corre. Pega um jogo com menos de 72 horas e bota às 11h, nós estamos correndo o risco de algum problema de saúde e alguma morte. Segunda à noite, com menos de 72 horas, vejo como boa ideia.

Tite disse ainda que o período de descanso entre as partidas é fundamental para a "qualidade do espetáculo" e para a saúde dos jogadores:

- Tem que ter o mínimo de 72 horas de recuperação. Isso dá melhor qualidade. É um produto melhor pra mídia e pro torcedor, até pra cobrar melhor o profissional. Excelência é tempo de trabalho, mas num intervalo de 72 horas. Não sou fisiologista e médico, mas não quero ser partícipe de jogos às 11h ou de menos de 72 horas de tempo, de um atleta precisar morrer pra gente rever conceitos.

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Fonte: Ge.com