Tiago Real fala sobre boa fase e realidade do Bahia: 'Cumpre com o que prometeu'
Tiago Real foi uma das contratações do Bahia para disputa da temporada de 2015. Paranaense, o meia do tricolor baiano, que já atuou como segundo atacante no Joinville, hoje desempenha um função bem diferente no esquadrão. Mas, ainda assim, ele é só alegria pelo momento que passa no clube, mesmo atuando como volante. Tiago Real, o atleta que mais corre durante os jogos, falou sobre o atual momento financeiro do Bahia, modo de trabalhar do técnico Sérgio Soares e sobre a qualidade do elenco visando o acesso à primeira divisão.
BN: Joinville, São Paulo, Goiânia e agora Salvador. Como está sendo para você jogar neste calor?
Tiago Real: Adaptação muito tranquila. Estou adorando Salvador, a família também, e olhe que tive filha recentemente. Meu tio morava aqui, então, isso me ajudou muito. Sem falar na estrutura que o clube me passou. Eu estou muito feliz e espero manter essa alegria até o final do ano.
BN: Desconfiança com o Bahia, clube rebaixado e com salários atrasados em 2014, já acabou?
Tiago: Isso, antes de chegar, já tinha acabado. Conversei com muito com Reverson Pimentel (preparador do Bahia), com Alexandre Faria (diretor de futebol), e os dois foram bem sinceros quanto ao momento do clube. Me apresentaram um bom projeto e já cheguei feliz. Conhecia um pouco da cidade.
BN: Jogador consultar o preparador físico antes de escolher o clube. Como isso aconteceu?
Tiago: Reverson não é apenas o preparador físico. Ele, fora de campo, é um amigo que tenho e espero levar essa relação até o resto da minha vida. Uns dos melhores momentos que tive na carreira foi ao lado dele, enquanto estávamos no Joinville. Ele, além da questão profissional, me falou coisas da cidade. Não me arrependo porque estou gostando demais aqui, e até filha soteropolitana eu tenho.
BN: O que faz Reverson, tão elogiado por você, ser diferente de outros preparadores?
Tiago: Reverson, cara, ele sabe muito bem aquilo que cada atleta precisa. É muito fácil o preparador colocar para todo grupo, mas cada atleta é detentor de uma particularidade. Reverson faz trabalho diferenciado, sabe o que cada um quer, e isso reflete diretamente no rendimento do grupo. Ele é um cara honesto, do bom, e muitas outras coisas que o qualificam.
BN: Percorrer 11km por jogo, ser o atleta que mais corre, são números que te empolgam?
Tiago: São números importantes que são passados para mim. Meus números são altos, mas eu consigo terminar os jogos muito bem, o que representa estar bem fisicamente, sem deixar a parte técnica cair. O pessoal até brinca no fim dos jogos sobre quem será o segundo, já que tenho corrido muito. Não adianta só correr e esquecer da parte técnica. Espero manter isso, ampliar outros números e evoluir em outros pontos. São números bons, importantes, mas que algumas pessoas não sabem.
BN: Você foi 2º atacante e camisa 10. Hoje, jogando de volante, está tranquilo em campo?
Tiago: Estou bem à vontade na posição. É uma função que gosto de desempenhar, ser segundo ou terceiro homem, mas deixo tranquilo quanto a escolher. Minha grande preocupação é ficar bem fisicamente para jogar em qualquer lugar. Tenho jogado em um lugar que eu gosto, e isso facilita. Entro em campo bem posicionado e feliz.
BN: O Bahia tem fama de mau pagador. Hoje, o elenco está com os salários regularizados?
Tiago: Isso é muito bom. Organização, em todos os detalhes, é fundamental. Clube muito bem organizado. Bahia cumpre rigorosamente com tudo que prometeu, lhe passa tranquilidade e permite planejar a parte fora de campo. Espero que isso se mantenha até o final da temporada, e foi essa promessa que ouvi quando cheguei em Salvador.
BN: Como você vê a imposição do Fair Play financeiro por parte da CBF?
Tiago: Fair Play é bom porque obriga ter mais responsabilidade para parte financeira do clube, o que muita gente até hoje não fazia. Fico feliz que isso tenha acontecido porque é um ganho para todos, e que isso seja apenas o pontapé inicial do crescimento do futebol baiano.
BN: É diferente jogar no futebol nordestino?
Tiago: Eu estou entusiasmado, boquiaberto, e surpreso com a paixão do torcedor nordestino. Não sei se é pela questão climática do sul, por lá ser mais frio, mas aqui é diferente. A pediatra da minha filha, por exemplo, quando soube que eu era jogador me mostrou vídeos, falou da participação no estádio. A paixão, a forma que os torcedores abraçam o clube, como falam do time, é diferente. Aqui, por exemplo, a primeira pergunta envolve qual é o time. É incrível como eles abraçam o time.
BN: O Bahia possui um grupo para brigar pelo acesso à primeira divisão?
Tiago: É um bom grupo, e bem incorpado para um início de ano. É um time que pode melhorar em alguns quesitos técnicos, coisas de dentro do grupo, sem ter a necessidade de contratações. É um grupo de extrema qualidade. Hoje, eu digo que o Bahia estaria preparado para brigar pelo acesso, mas até lá tem muito chão pela frente para evoluir. Mas, antes da Série B, temos que brigar pelos títulos do primeiro semestre.
BN: Jogar todos os jogos da temporada, até então, é algo a ser comemorado?
Tiago: Nós temos sempre que procurar o melhor para gente e ao mesmo tempo atender às necessidades do clube como todo. A tendência, a partir de agora, é só evoluir na questão técnica, tática e física.
BN: O que tem feito o Bahia, ao contrário de anos anteriores, para ser forte na Fonte Nova?
Tiago: Questão da pegada, adiantar a marcação, estamos conhecendo muito bem o terreno. O elenco, apesar de novo, começou muito bem e tornamos de lá nosso terreiro. Estamos sabendo os detalhes, conhecendo detalhes e o gramado rápido também nos ajuda. Sem falar na questão do caldeirão pelo estádio ser bem abafado. Espero, inclusive, que os torcedores lotem o estádio nos jogos decisivos e facilitar nossa vida em campo.
BN: A postura 'general' de Sérgio Soares é bem aceita pelo grupo?
Tiago: O importante, hoje, é a maneira como o grupo aceito o trabalho dele. Um cara super do bem, muito transparente. Ele passa imagem de ser um cara forte, cobrador, mas é ele é do bem e isso é fundamental para o meio do futebol. Treinador que cobra muito, o que é importante demais para formação do elenco visando a temporada.