Postado por - Newton Duarte

Tillemont afirma: MGF foi uma 'tragédia' como administrador

Antonio Tillemont afirma: MGF foi um técnico 'razoável', mas uma 'tragédia' como administrador

O Bahia Notícias deu mais um passo para ajudar os torcedores do Bahia a escolher o futuro presidente do clube. Desta vez, dentro da série de entrevistas com os possíveis mandatários, o postulante ao cargo que conversou com a Coluna Esportes foi o empresário Antonio Tillemont. Sócio da Antoniu’s, empresa que gerencia carreira de jogadores, o também comentarista esportivo respondeu dezenas de perguntas. Dentre os temas estavam a contratação de Zé Roberto, demissão de funcionários, benefícios aos sócios e postura durante a campanha.

Bahia Notícias: Como você avalia gestão de Marcelo Guimarães Filho?

Tillemont: Do ponto de vista técnico, eu considero razoável. Bahia subiu para Série A, ganhou Baianão e disputa Sul-Americana. Pelo administrativo foi uma lastima. Tragédia. É complicado falar profundamente por estar do lado de fora. Mas, neste momento, falam muito que a auditoria vai esclarecer tudo. Vai precisar confirmar se o que foi divulgado é verdadeiro ou não.

BN: Você pretende manter auditoria no clube?

Tillemont: A intervenção está sendo feita por determinação judicial. Mas nossa auditoria será conforme o estatuto. Algo que teremos que publicar em um ano. Não é que vamos manter. Estatutariamente serei obrigado a fazer, sim. E vou fazer.

BN: O debate será sua oportunidade de ganhar votos?

Tillemont: Com certeza! Será minha chance. Estou falando de proposta há 45 dias. Schimidt, na segunda (26), não tinha proposta concreta para apresentar na Band. Disse que estava elaborando para apresentar junto com o registro de candidatura. O que estou vendo é uma ‘cópia e cola’ das minhas propostas. Até o detalhe do terceiro anel da Arena Fonte Nova, propondo redução do valor, que era minha, ele também cita. Eu falei muito antes dele.

BN: A relação de Schimidt com o PT pode ser boa para o clube ou não?

Tillemont: Não podemos cruzar os braços e aceitar tudo. A Caixa Econômica Federal é patrimônio federal e atua para os dois lados, com vantagem para ele pelo governo. Uma pesquisa apontou que 78% dos tricolores não querem político como presidente. O novo estatuto, infelizmente, tem vários cargos neste sentido menos secretario. O que eu considero ser político.

 

BN: Anderson Barros será demitido?

Tillemont: É uma temeridade mexer logo na minha chegada. Bahia faz uma campanha de razoável para bom. Sétima posição em função do momento, de crise administrativa, é bom. Certeza que esse momento fora de campo afeta o futebol, passa incerteza aos jogadores. Isso gera outros problemas internos. Tenho que chegar e observar. Chegar e tirar pode prejudicar o ambiente. Vejo o trabalho de Cristóvão porque está em campo, e considero excelente. Está tirando leite de pedra. Ele não tem opções para trabalhar. Chegar e demitir é jogar para marketing.

BN: Bahia vai em busca de reforços?

Tillemont: Tentar reforçar de alguma forma no pouco tempo que tem. Buscar três jogadores que estejam dentro da necessidade de Cristóvão Borges. Eu, que conheço o mercado, vou ter problemas para contratar imagine quem não tem. É necessário contratar, tenho certeza.

BN: Pretende dispensar jogadores como Souza e Neto?

Tillemont: Não vou sentar e criar dívidas. Dispensar Neto e Souza, hoje, significa ter que pagar indenização os dois atletas. E não posso fazer isso. Preciso ser competente para chegar e tentar, através dos meu contatos, um outro caminho.

BN: Eliseu Godoy, seu companheiro de rádio, era funcionário do Bahia. Sabia disso?

Tillemont: Sobre Eliseu Godoy, eu soube da contratação e depois da sua demissão. Não sabia que continuava no clube. Ser da mesma rádio não quer dizer nada. Se ele não colaborou com a intervenção, não foi ao trabalho diariamente, terá que sair.

BN: Como avalia a relação do Bahia com imprensa e torcidas organizadas?

Tillemont: Era um equívoco. Passagens, por exemplo, é obrigação da equipe de rádio. Eles estão trabalhando, vendendo comercial, para isso. Cada um cuida do seu, ainda mais com o débito do Bahia do jeito que estava. Não pode ficar concedendo passagens. Sobre as torcidas, elas precisam andar com as próprias pernas. Procurar saída, ter seu próprio faturamento, para não depender do clube. Eu, se presidente, não quero ceder ingressos ou ganhar. E, se ganhar, acho que é preciso vender. Dar dinheiro ao clube.

BN: Pretende tomar atitude com os funcionários faltosos?

Tillemont: Ponto indiscutível. Vou demitir todos aqueles que não colaboraram com o processo de intervenção. Eles mostraram comprometimento com antiga gestão e não com o clube. Não vou discutir isso e vou tentar enquadrar ao máximo em abandono de trabalho. Buscar provas para isso. Exemplo de Sacha Mamede (diretor de Marketing) que ficou 28 dias sem trabalhar.

BN: O insucesso de Zé Roberto, jogador da sua empresa, pode cair na sua conta?

Tillemont: Ele é um jogador no universo de 20 anos. Todos gostaram do nome dele na chegada e conversamos muito com o presidente sobre isso. Falamos da recente lesão, propusemos um contrato de um ano, mas ele não aceitou. Quis assinar por três temporadas. 

BN: Você, por conhecer mais do futebol, aceitaria ser gestor do candidato eleito?

Tillemont: Não aceitaria. Não quero depender da assinatura do presidente. Posso ficar dois ou três meses e, a depender dos resultados, ser colocado para fora. Vai sobrar sempre para mim. Gestor eu não quero ser. Quero cobrar dele, sei do assunto, e quero que a torcida cobre de mim.

BN: Você se arrepende de não lutar publicamente pela democracia do Bahia?

Tillemont: Não me arrependo. Não teria chance e correria o risco de apanhar como aconteceu com Rui Cordeiro. Ele foi ousado, tentou. Sempre foi prejudicado pelos homens que estavam no clube. Foi colocado como vice em uma determinada gestão e não deram condições de trabalhar. Famoso "cala a boca" e minaram o cara. Prática do passado era "salvem-se os nossos interesses".

BN: É uma estratégia a postura ofensiva, em certos momentos agressiva, aos concorrentes?

Tillemont: Não é ataque. É um fato que aconteceu. Falei do encontro entre Rui Accioly e o neto de Maracajá, o Ricardo. Ele desmentiu e o assunto foi encerrado. O mesmo com Rui Cordeiro sobre o caso das marcas do Bahia. Justificou e esclareceu. São coisas que surgem e comento. Em relação a mim, por exemplo, eles só falam que sou empresário de jogador. Nada mais que isso.

BN: Você vê Fernando Schimidt e Rui Cordeiro prontos para o cargo?

Tillemont: Fernando Schimidt, infelizmente, está desatualizado do futebol. Foi presidente há 37 anos quando ainda existia o amor à camisa. Estamos em outro momento. Se você perguntar 5 presidentes de grandes clubes ele não sabe. Não conhecer o mercado como Rui Cordeiro também não. Falam que terão gestores, mas o clube precisa ser gerido pelo presidente. O clube precisa do futebol e eu entendo sobre isso.

BN: Como você vê a participação de Sidônio Palmeira neste momento do Bahia?

Tillemont: Em nível de Rátis? Não vejo qualquer interferência. Ele está acompanhando o candidato Fernando Schimidt em todos lugares. Até falar por Schimidt, em algumas rádios, ele fala. Lógico que tem certa influencia neste processo eleitoral, não posso negar. Schimidt está com dificuldades na fala, em externar o posicionamento, por isso o Sidônio, inúmeras vezes, o corrige nas rádios. Acho que ele (Sidônio), por ter colaborado com a intervenção, poderia ter ficado isento da eleição.

BN: Você reclamou da formação da chapa. O que aconteceu?

Tillemont: Não houve bronca. Acho que Sidônio, pela boa relação com a Revolução Tricolor, facilitou a vida de Fernando Schimidt para formação da chapa. A Revolução Tricolor fez um trabalho quase perfeito. Ficou na sede, conseguiu os dados e isso ajudou na montagem. Não estou reclamando do trabalho deles, longe de mim. Pedimos os dados ao interventor que, imediatamente, negou fazer isso. O que achamos correto. Ele prontamente sugeriu colocar nossos dados no site e foi resolvido.

BN: Você promete algum benefício imediato ao sócio do clube?

Tillemont: Ele precisam, pelo menos, pagar meia na Arena Fonte Nova. O  preço, até mesmo pela qualidade do estádio, é muito alto. Em jogos do Bahia o terceiro anel, por exemplo, fica muitas vezes fechado. Por que não botar ingressos populares neste setor? Precisamos fazer uma negociação que seja amplamente favorável ao clube. Recebemos um valor mensal da Arena Fonte Nova que representa menos da metade da folha salarial.

BN: Porque os torcedores devem votar em Tillemont?

Tillemont: Sou ficha limpa. Tenho 37 anos de Esporte Clube Bahia sendo sócio. Pago meu título há mais tempo que Fernando Schimidt. Ele, por exemplo, ficou um bom tempo sem pagar. Regularizou recentemente. Tenho oportunidade de cravar o meu nome na história do clube que amo. Sou bem conceituado como empresário, radialista  e agora quero ser como presidente.


Fonte: Felipe Santana – Bahia Notícias

Fotos: José Marques / Bahia Notícias