Postado por - Newton Duarte

Toma que o filho é teu: Bahia dependerá da presença da torcida para não ter prejuízo

Bahia dependerá da presença da torcida para não ter prejuízo

Bahia precisará da nação tricolor para fazer valer a pena o novo contrato - Raul Spinassé | Ag. A Tarde

No início da semana, o presidente Marcelo Sant'Ana inflamou a torcida tricolor ao anunciar que deixaria de jogar na Fonte Nova para voltar ao estádio de Pituaçu. Agora, precisará da nação tricolor para fazer valer a pena o novo contrato com a Arena, anunciado nesta quinta-feira, 2.

No acordo, válido pelos próximos três anos, o valor fixo pago pelo consórcio que administra a Fonte Nova caiu em 33%. Dos R$ 9 milhões passados anualmente para o Esquadrão no vínculo anterior, a premiação fixa agora será de R$ 6 milhões. O que pode fazer o novo contrato ser mais lucrativo, no entanto, será a presença da torcida no estádio.

O clube passará a ter participação em receitas diretamente ligadas aos jogos, como revelou Sant'Ana, em entrevista coletiva ontem pela manhã no Fazendão.

Para facilitar o entendimento do torcedor, o dirigente citou um exemplo. "Caso a média anual seja de 15 mil torcedores, o Bahia terá direito a uma contrapartida no valor de R$ 12,3 milhões", disse. "Nessa nova relação não existe teto máximo. Quanto maior o público, maior será a receita destinada ao Bahia", completou.

Sant'Ana, no entanto, não explicou as bases do cálculo. Não ficou claro, por exemplo, se o Bahia ganhará uma participação sobre a receita de cada jogo ou se o cálculo será em cima da presença de público no final de cada temporada. Procurados pela reportagem, clube e Arena não passaram maiores detalhes.

No vínculo anterior, o Bahia ganhava R$ 9 milhões independentemente da média de público. Além disso, o clube arrecadava R$ 1 milhão, equivalente a 10% do contrato de naming rights firmado pela arena. O clube só ganharia mais se a renda de todos os jogos ultrapassasse o valor fixo. Assim, o Tricolor receberia o excedente.

"A diferença é que o mínimo garantido é reduzido por essa contrapartida. Por não ter um teto, o Bahia também tem que entrar no risco  da operação", concluiu o presidente.

Queda de público

Nas duas temporadas do contrato anterior, o Tricolor viveu momentos distintos. Em 2013, primeiro ano da Arena, a média de público foi de 17,9 mil pagantes. No ano passado, caiu para 11,7 mil. Neste ano, ela é de apenas 8,4 mil.

Numa conta simples tomando como base o exemplo apresentado por Sant'Ana, o Bahia arrecadaria, em 2013, R$ 14,7 milhões; no ano passado, R$ 9,6 mi; neste ano, R$ 6,9 mi.

Com o acordo, o próximo jogo do Esquadrão, no dia 12 de abril, contra o Sport, pela Copa do Nordeste, acontecerá na Fonte Nova.

Gestão compartilhada

Outro ponto importante, segundo Sant'Ana, será o que chamou de gestão compartilhada com a Arena. "Haverá decisões partilhadas sobre o preço dos ingressos, a alteração nas bilheterias e o acesso ao estádio", disse. Isso significa que o Tricolor vai participar da operação do estádio, inclusive colocando funcionários no estádio para ajudar os torcedores. "Esta operação busca melhorar a qualidade do serviço e transformar a Fonte na casa do Esquadrão".

O novo contrato também prevê intervenções para aproximar a torcida do estádio. "Teremos na Fonte nossa loja oficial, memorial, uma sede administrativa, central de atendimento ao sócio... Nossos banco de reservas e vestiário também serão fixos", listou.

Para o presidente da  Fonte Nova Negócios e Participações, Marcos Lessa, o modelo de gestão compartilhada era o que faltava para o estádio. "Esse modelo que criamos era o que deveríamos ter iniciado a parceria. O modelo anterior tinha uma relação comercial muito fria", considerou.

O que muda no novo contrato

| Valores |

Pelo antigo contrato, o Bahia recebia R$ 9 milhões por ano, além do excedente se o montante da renda anual superasse o valor fixo. Agora, a receita mínima do clube desce para R$ 6 milhões. Em compensação, sua participação nas arrecadações dos jogos  cresce. Contudo, os valores e o sistema de participação do Bahia nas rendas não foram explicados

| Outras receitas |

O Bahia informou que, pelo novo contrato, o clube terá participação em outras receitas, nos camarotes, Lounge, catering (alimentos e bebidas) e naming rights. Os valores que serão repassados ao clube também não foram informados

| Bilheterias |

O Bahia passa a participar diretamente das decisões sobre preços dos ingressos, funcionamento das bilheterias e acesso dos torcedores. No próximo jogo, contra o Sport, os valores das entradas não mudam

| Espaço tricolor |

A médio prazo, a Fonte passará a abrigar uma loja e um memorial do Bahia, além da sede administrativa do clube

Sócios  Para facilitar promoções e benefícios futuros aos sócios do Bahia, bancos de dados da Arena e do clube serão sincronizados