Em final, torcida do Bahia promete macumba para 'amarrar' Magno Alves e assusta Ceará
A torcida do Bahia esbanja sua fé característica nos estádios - Felipe Oliveira / Divulgação / EC Bahia
"Se macumba ganhasse jogo", diz o ditado, "o Campeonato Baiano terminaria empatado". Numa final que envolve o Bahia, o misticismo, claro, não poderia ficar de fora. Os torcedores tricolores prometem recorrer até ao sobrenatural para assegurar o título da Copa do Nordeste, contra o Ceará, nesta quarta-feira, às 22h (de Brasília), na Arena Castelão, em Fortaleza.
Com uma carga de 1.600 mil lugares colocados à sua disposição, eles garantem que farão de tudo para ‘segurar' os donos da casa em campo.
"Vamos ‘amarrar' Magno Alves", brincou um deles, durante o desembarque do tricolor baiano, nesta terça-feira.
Um grupo se organiza para distribuir despachos com farofa de azeite-de-dendê, acarajé e velas na orla da capital cearense antes da partida.
O objetivo é incomodar os comandados de Silas Pereira.
O ritual para evocaras entidades do Candomblé não passa totalmente despercebido do outro lado: conscientes do sincretismo religioso inerente aos baianos, membros do time alvinegro, em esboço de curiosidade ou não, chegaram a perguntar a respeito da força dos orixás durante a passagem da equipe por Salvador, na semana passada.
Oficialmente, o discurso é outro, no entanto.
"Esse negócio de macumba não pega aqui, não", afirma o vice-presidente do Ceará, Robinson de Castro, ao ESPN.com.br. "Nós rebatemos isso com forró e mulher bonita. Deixa mulher feia e essas coisas para eles", completa, aos risos.
O técnico Silas é outro que minimiza a ‘ameaça' dos baianos.
"Não acredita que entra em campo, não. No clube, temos evangélicos, católicos, atletas das mais variadas crenças. Temos que respeitar o diferente. Acho que isso é relacionamento com Deus, cada um tem a sua forma de pensar e a gente tem que respeitar. Dentro de campo, o que a gente tem que fazer é trabalhar mesmo, pedir a Deus para não se machucar do nosso lado e do deles", comenta.
"Não fazer como um radialista que disse durante Bahia e Vitória da Conquista (final do Baiano) ‘tomara que machuquem quatro ou cinco do Ceará', isso é anti-profissionalismo porque é o trabalho dos nossos jogadores, não deve desejar para ninguém, foi uma infelicidade dele. É isso que a gente mais pede a Deus, que entre e sai do campo sem problema, e depois aquele que merecer acaba levando", finaliza.
A provocação da torcida do Bahia passa também pela conquista do título brasileiro de 1988 sobre o Inter, em circunstâncias semelhantes, também fora de casa.
Naquela ocasião, o folclórico pai de santo Lourinho, um de seus símbolos, ganhou evidência ao mostrar bonecos colorados amarrados e espetados por agulha. Ele faleceu aos 71 anos, em 2011, e desde então a figura, que nunca foi institucional e surgiu a partir de iniciativa espontânea de seus torcedores, se estabeleceu como um de seus símbolos nas arquibancadas.
Hoje, o elenco tricolor mantém apenas um altar nos vestiários.
O Ceará, que carrega a vantagem do empate após o 1 a 0 na primeira partida, obviamente não quer saber de forças estranhas.