Postado por - Newton Duarte

Um grande espetáculo! Bélgica vence os EUA na prorrogação; Raio-X e os Gols

Bélgica supera barreira dos EUA na prorrogação e vai pegar a Argentina

Goleiro americano Howard leva disputa para o tempo extra, mas entrada de Lukaku muda o jogo e belgas conseguem vitória dramática em Salvador

No tempo regulamentar, o gigante americano Howard fechou o gol e infernizou a vida dos Diabos Vermelhos, que dominaram o jogo, mas não conseguiram furar a barreira do goleiro dos Estados Unidos. Empate em 0 a 0 na Arena Fonte Nova, em Salvador. Pela quinta vez nessa Copa do Mundo, a decisão foi para a prorrogação. Mas, dessa vez, o camisa 1 americano não teve como fazer milagre. Com gols de De Bruyne e Lukaku – que entrou no tempo extra e mudou a partida – a Bélgica venceu por 2 a 1, eliminou o time de Klinsmann e agora vai enfrentar a Argentina pelas quartas de final, sábado, às 13h, no Mané Garrincha, em Brasília.

Depois do placar zerado no tempo normal, a prorrogação foi eletrizante, como virou marca registrada nessa Copa. No total, os belgas fizeram 38 finalizações, recorde em um jogo do Mundial 2014, contra 15 do adversário. Ao diminuir com Julian Green, os EUA acreditaram que era possível, a torcida gritava "USA" - 51.227 torcedores estiveram presentes no estádio -, o time se lançou ao ataque teve chances reais de gol, mas não conseguiu o empate. Os americanos deixam a Copa de cabeça erguida.

Personagens do jogo: Howard levou jogo para a prorrogação, e Lukaku decidiu

Pouco brilho nos primeiros 45 minutos

Logo nos primeiros minutos, a Bélgica se lançou ao ataque e levou perigo com Origi, jovem atacante que ganhou a vaga de Lukaku. Mas, a partir daí, a partida seguiu sem grandes emoções. Ainda assim, o time comandado por Marc Wilmots rondava mais a área adversária.

Torcedor é retirado pelos seguranças após invadir o gramado da Fonte Nova

Aos 16 minutos, um torcedor invadiu o campo, rodou, correu, cumprimentou jogadores e, só um tempo depois, foi retirado por seguranças.

A bola voltou a rolar, e a equipe dos Estados Unidos demonstrava estar bem postada, mais na parte defensiva do que no ataque. Quando se lançavam à frente, os americanos pecavam no último passe. Mas, aos poucos, as jogadas começaram a encaixar. Bradley conseguiu a primeira finalização. Abriram-se espaços em campo e os belgas despertaram.

Dentro da área, De Bruyne perdeu boa chance ao chutar mal. A Bélgica encurralou os EUA em sua defesa.Tentaram o gol com bola alçada na área, chute rasteiro, mas faltava qualidade e maior eficiência. Aos 30, a partida foi interrompida para que os jogadores se hidratassem.

Hidratados, mas não muito inspirados: assim seguiram os jogadores de Bélgica e EUA até o fim do primeiro tempo. Zusi “furou” um chute para os americanos; Origi fez boa jogada para De Bruyne finalizar, mas o zero não saiu do placar na etapa inicial longe de ser brilhante.

De Bruyne perde boas chances para a Bélgica, e placar fica zerado no primeiro tempo

Belgas dominam, e param em Howard

O segundo tempo começou com bola para lá, bola para cá, até que Mertens cabeceou meio esquisito, mas obrigou Howard a fazer boa defesa. A torcida presente à Fonte Nova tentava cantar, gritar, agitar a festa. Mas a atuação dos times não colaborava. E por alguns bons minutos o estádio ficou em silêncio.

Origi cai dentro do gol após perder chance de colocar a Bélgica em vantagem

De repente, a rede balançou, mas a torcida gritou “uh” e o zero seguiu no placar. Motivo: depois de cruzamento rasteiro pela esquerda, Origi tentou finalizar, errou de forma incrível e caiu ele próprio no fundo do gol.

A Bélgica tomava mais iniciativa, tinha posse de bola e chegou bem, novamente com Origi, que cabeceou no travessão. Depois, o goleiro americano salvou. Mertens tentou de letra, mas escreveu errado o lance. Faltava criatividade, jogadas envolventes e capricho. O torcedor se levantava apenas para tentar fazer uma “ola” que ficou pelo meio do caminho. Ainda assim, os belgas tinham maior domínio. Os EUA só chegavam com finalizações de longe e bolas alçadas na área.

Os Diabos Vermelhos seguiram insistentes no ataque. O goleiro americano Howard fez uma série de defesas importantes. Passou a ser personagem de um jogo que se desenhou em ataque contra defesa. Os EUA não souberam aproveitar os espaços deixados pelos belgas. Nos descontos, os americanos tiveram a melhor chance. Em cruzamento para a área, Jermaine Jones desviou de cabeça e Wondolowski teve a chance de matar o jogo, mas, na risca da pequena área, chutou para fora. E mais um jogo foi para a prorrogação.

Yedlin e Hazard disputam a bola sob olhares atentos do treinador Klinsmann

Prorrogação eletrizante e com redes balançando de lado a lado

Antes de começar a prorrogação, Vertonghen vomitou. Mas seguiu em campo e viu os EUA darem brecha na zaga. E a Bélgica aproveitou, fez boa investida e, dessa vez, Howard não teve como fazer milagre. Logo aos dois minutos, Lukaku, que entrou no lugar de Origi para incendiar o jogo, fez boa jogada e tocou para De Bruyne balançar e chutar bem: 1 a 0. Mesmo não evitando o gol, o camisa 1 da equipe de Klinsmann seguiu salvando a pátria de um placar mais elástico.

Julian Green corre para o meio após assinalar o  gol que deu esperança aos EUA

Mas logo a Bélgica ampliou, com Lukaku. O atacante participou do primeiro gol, marcou o segundo, mudou o panorama da partida. Quando parecia que tudo estava definido, os EUA diminuíram com Julian Green, após ótimo passe de Bradley pelo alto, no primeiro lance do segundo tempo da prorrogação. Na jogada seguinte, Jones quase empatou o jogo, mas a bola passou raspando a trave esquerda.

Seleção de Klinsmann apresentou repertório de jogadas muito bem ensaiadas

A prorrogação seguiu animada e Lukaku teve outra chance de ampliar para os belgas. Howard voltou a mostrar sua importância e fez outro milagre em Salvador. Courtois também teve trabalho para manter o placar que garantia sua equipe nas quartas de final. Em jogada bem ensaiada na cobrança de falta, Dempsey apareceu cara a cara, e o camisa 1 dos Diabos Vermelhos se virou para afastar o perigo. Os americanos seguiram na pressão, mas o placar não foi mais alterado.

Belgas comemoram o gol de Lukaku que assegurou a equipe nas quartas de final


Bélgica 2 x 1 Estados Unidos

Copa do Mundo – Oitavas de Final


Local:Arena Fonte Nova, em Salvador (BA)

Data:1º de julho de 2014, terça-feira

Horário:17 horas (de Brasília)

Árbitro:Djamel Haimoudi (Argélia)

Assistentes:Redouane Achik (Marrocos) e Abdelhak Etchiali (Argélia)

Público:51.227 torcedores

Cartões Amarelos:Bélgica:Kompany; Estados Unidos:Cameron

Gols: Bélgica:De Bruyne, aos 3, e Lukaku, aos 15 minutos do primeiro tempo da prorrogação

Estados Unidos:Green, aos 2 minutos do segundo tempo da prorrogação

Bélgica:Courtois; Alderweireld, Van Buyten, Kompany e Vertonghen; Witsel e Fellaini; Mertens (Mirallas), Hazard (Chedli) e De Bruyne; Origi (Lukaku)

Técnico:Marc Wilmots

Estados Unidos:Howard; Fabian Johnson (Yedlin), Besler, Omar Gonzalez e Beasley; Cameron e Jermaine Jones; Zusi (Wondolowski), Bradley e Bedoya (Green); Dempsey

Técnico:Jurgen Klinsmann

O CARA

Tim Howard

Howard comemora uma de suas defesas

Os Estados Unidos levaram o jogo para a prorrogação muito por causa do seu goleiro. O americano fez 14 defesas no jogo e foi mais um goleiro a se destacar muito. O americano teve intervenções cruciais que fizeram com que os belgas tivessem que ser quase perfeitas. Os dois gols foram assim, de De Bruyne e Lukaku. Uma das melhores atuações de goleiro na Copa do Mundo, se não a melhor. Os americanos devem agradecer muito ao seu goleiro.

De Bruyne

O motor que fez a ótima geração belga ser vista como ótima seleção

De Bruyne atuou em intensidade impressionante por 120 minutos. Foi o dono de um meio-campo de muita movimentação, ajudando o rápido ataque escalado por Marc Wilmots a fluir. Eram de seus pés que saíam a maioria dos passes de qualidade para Hazard e Mertens arrancarem pelas pontas, para Origi tentar vencer Howard dentro da área. Ficou melhor ainda quando Romelu Lukaku entrou. Porque De Bruyne tinha um parceiro de força e definição para, enfim, implodir os Estados Unidos.

OS GOLS

3′/1TP: GOL DA BÉLGICA!

Em um contra-ataque, a defesa americana deu espaço, Besler perdeu no jogo de corpo com Lukaku, que tinha acabado de entrar, e ele foi até a linha de fundo. Jogou para dentro da área, González desviou de leve e a bola sobrou para De Bruyne, que dominou e girou para bater no canto e marcar.

15′/1TP: GOL DA BÉLGICA!

Mais um contra-ataque belga nas avenidas americanas, sempre espaçosas pelos lados do campo. Desta vez, pelo lado direito da defesa, onde De Bruyne fez uma boa jogada e colocou na medida para Lukaku ganhar em velocidade e, de pé esquerdo, encher o pé para vencer o goleiro Howard e ampliar o placar.

2′/2TP: GOL DOS ESTADOS UNIDOS!

Lindo passe de Bradley pelo meio encontrando Green livre dentro da área. O atacante pegou de primeira, com biquinho da chuteira, e colocou os americanos de novo na partida.

A TÁTICA

Bélgica x EUA

Belgica x EUA

Os belgas usaram o seu 4-2-3-1 tradicional, com Origi no centro do ataque, o que deu muita movimentação à equipe. De Bruyne pelo meio foi muito bem. Hazard não esteve bem, mas ainda foi perigoso pelo lado esquerdo e Mertens, pela direita, foi uma boa alternativa. Desta vez os laterais aproveitaram o espaço dado pela adversário, especialmente Vertonghen.

Já os americanos tiveram formações híbridas. Começou em um 4-1-4-1, com Cameron como volante e uma linha de quatro meio-campistas à sua frente. Mas a maior parte do tempo o time jogou no 4-2-3-1, com Jones recuando para formar a dupla de volantes ao lado de Cameron, deixando Bradley mais à frente como meia com Bedoya e Zusi pelos lados do campo. Só que os laterais deixaram espaços muito grandes, o que foi um problema o jogo todo, inclusive nos dois gols sofridos.

A ESTATÍSTICA

14

Esse é o maior número de defesas de um goleiro em um só jogo desde que a Opta começou a medir as estatísticas da Copa, em 1966. Foi o número de defesas de Howard na partida e isso mostra o tamanho da partida. Foi o jogo desta Copa do Mundo com mais chutes a gol, 52 no total, sendo 38 deles da Bélgica. O maior número de chutes de um time em um só jogo.

ESTATÍSTICAS DO JOGO

Bélgica

EUA

Posse de bola %

47%

53%

Passes errados

46

43

Acerto de Passes %

74%

77%

Cruzamentos

43

29

Finalizações

38

16

Finalizações certas

18

6

Finalizações erradas

20

10

Escanteios

19

4

Impedimentos

2

0

Desarmes

23

31

Faltas

27

11

Cartões Vermelhos

0

0

Cartões Amarelos

1

1

Distância percorrida

146,2 km

153,8 km

ATUAÇÕES: ataque belga bombardeia, e Howard evita massacre

Origi, De Bruyne e Hazard envolvem defesa americana no segundo tempo, e Lukaku sobra fisicamente na prorrogação e é decisivo na classificação europeia

Header Belgica (Foto: Infoesporte)

COURTOIS – GOLEIRO

Pouco exigido no tempo regulamentar do jogo, defendeu todas as finalizações de Dempsey - inclusive uma à queima roupa na prorrogação - e não teve culpa no gol de Green.

Nota: 7,0

ALDERWEIRELD – LATERAL-DIREITO

Bem na defesa, mas pouco efetivo no ataque.

Nota: 6,0

KOMPANY – ZAGUEIRO

Anulou Dempsey no primeiro tempo, mas recebeu cartão amarelo por falta dura no meia-atacante. No fim da segunda etapa, foi perfeito na cobertura e finalizou para defesa de Howard.

Nota: 7,5

VAN BUYTEN – ZAGUEIRO

Bem nas jogadas pelo alto, assumiu marcação de Dempsey na segunda etapa e saiu-se bem.

Nota: 6,5

VERTONGHEN – LATERAL-ESQUERDO

Cresceu muito de produção no segundo tempo, sobretudo puxando contra-ataques. Deu cruzamento perfeito desperdiçado por Origi e finalizou com duas bombas – uma para fora e outra defendida por Howard.

Nota: 7,5

WITSEL – VOLANTE

Discreto durante a maior parte do jogo, finalizou cruzado à direita de Howard.

Nota: 6,0

FELLAINI – VOLANTE

Com marcação forte no primeiro tempo, se apresentou mais ao ataque no segundo e até arriscou uma finalização de longe.

Nota: 6,5

MERTENS – MEIA

Homem da bola parada, não teve sucesso em servir os companheiros pelo alto. Em sua melhor oportunidade, cabeceou quase de costas e obrigou Howard a se esticar. Substituído por Mirallas.

Nota: 6,0

MIRALLAS – ATACANTE

Finalizou bem algumas vezes, mas parou sempre em Howard.

Nota: 7,0

DE BRUYNE – MEIA

Ao lado de Origi, foi o mais perigoso da Bélgica em campo. Finalizou várias vezes e serviu bem ao ataque. No início da prorrogação, abriu o placar na Fonte Nova.

Nota: 8,5

HAZARD – MEIA

Boa presença no ataque, principalmente em jogadas individuais. Teve ótima finalização defendida por Howard e chutou outra para fora. Saiu no fim para entrada de Chadli.

Nota: 7,0

CHADLI - MEIA

Sem Nota

ORIGI – ATACANTE

Ótimo no trabalho de pivô, foi quem mais ofecereu perigo ao gol americano no tempo regulamentar. De cabeça, mandou a bola no travessão. Pecou ao perder o tempo da bola de cara para o gol, após cruzamento de Verthonghen. Foi substituído por Lukaku na prorrogação.

Nota: 8,0

LUKAKU – ATACANTE

Entrou na prorrogação e fez a jogada para o gol de De Bruyne. Sobrando fisicamente, ganhou todas as disputas de velocidade. Finalizou duas vezes até vencer Howard e marcar o segundo da Bélgica.

Nota: 8,5

Header EUA (Foto: Infoesporte)

HOWARD – GOLEIRO

Bombardeado pelo ataque belga, parou todos os homens de frente pelo menos uma vez. Fez no mínimo 15 grandes defesas. Foi o responsável pelo 0 a 0 no tempo regulamentar e não teve culpa nos gols belga.

Nota: 9,0

JOHNSON – LATERAL-DIREITO

Pouca presença no ataque enquanto esteve em campo. Sentiu lesão muscular ainda no primeiro tempo e deu lugar a Yedlin.

Nota:5,0

YEDLIN – LATERAL-DIREITO

Muito veloz, aumentou o poder ofensivo dos EUA e levou perigo à defesa belga indo à linha de fundo.

Nota: 7,0

GONZÁLEZ – ZAGUEIRO

Teve altos e baixos durante o jogo, alternando cortes precisos com passes errados. Cedeu dois escanteios bobos.

Nota: 5,0

BESLER – ZAGUEIRO

Se desdobrou na defesa americana e foi bem nos desarmes, sobretudo no primeiro tempo.

Nota: 7,0

BEASLEY – LATERAL-ESQUERDO

Atuação discreta no tempo normal e deu uma furada incrível no fim do jogo - por sorte, sem nenhum belga por perto.

Nota: 5,0

CAMERON – VOLANTE

Levou amarelo por falta dura no primeiro tempo. Foi envolvido pelo toque de bola belga no segundo tempo.

Nota: 4,5

JONES – VOLANTE

Cometeu faltas duras no primeiro tempo, mas apareceu melhor ao se adiantar em campo no segundo tempo e na prorrogação.

Nota: 6,5

BRADLEY – VOLANTE

Onipresente no primeiro tempo, sendo firme na marcação e preciso no apoio ao ataque. Apagado no segundo tempo, deu lançamento perfeito para o gol de Green na prorrogação.

Nota: 7,0

ZUSI – MEIA

Deu velocidade aos EUA no início, mas sumiu em campo e deu lugar a Wondolowski no segundo tempo.

Nota: 5,0

WONDOLOWSKI – ATACANTE

Sua entrada liberou Dempsey para sua função de origem, mas não levou perigo ao gol de Courtois. Na grande chance dos EUA, perdeu gol feito – arbitragem deu impedimento erradamente.

Nota: 5,0

BEDOYA – MEIA

Responsável por armar os melhores ataques dos EUA no primeiro tempo, sumiu na segunda etapa. Saiu para entrada de Green na prorrogação.

Nota: 6,0

GREEN - ATACANTE

Pegou de primeira e marcou um golaço para os EUA no segundo tempo da prorrogação. Lance levou time de volta ao ataque e levantou a torcida.

Nota: 6,5

DEMPSEY – ATACANTE

Isolado no ataque no primeiro tempo, voltou à posição de origem no segundo. Em sua chance mais clara, finalizou para defesa de Courtois

Nota: 6,5


Fonte: Janir Júnior e Helena Rebello/GE.COM – GENET - Felipe Lobo e Leandro Stein/Trivela

Foto: Getty Images – AFP – Reuters – EFE - AP Photo/Natacha Pisarenko