Postado por - Newton Duarte

'Vai ser gostoso jogar contra o Bahia', diz brazuca artilheiro da Champions

Artilheiro da Liga dos Campeões e do Shakhtar afirma: "vai ser gostoso jogar contra o Bahia"

Artilheiro da Liga dos Campeões e do Shakhtar, Luiz Adriano chega nesta quinta a Salvador com os demais atletas do time

Luiz Adriano, 27 anos, é o artilheiro da Liga dos Campeões da Europa com nove gols. Atacante do Shakhtar Donetsk, ele foi  convocado por Dunga e vestiu a camisa 9 da Seleção Brasileira em 2014. Amanhã, vai enfrentar o Bahia às 20h, na Fonte Nova (ingressos a partir de R$ 15). O time chega hoje a Salvador. Do Rio, Luiz Adriano concedeu esta entrevista exclusiva ao CORREIO. Confira:

A camisa 9 do Brasil ficou vaga depois da Copa do Mundo. Você e Tardelli ganharam chance com Dunga. Considera-se pronto para vestir a 9 da Seleção?

Olha, me sinto preparado, sim. Desde quando comecei no futebol, o meu sonho sempre foi defender a Seleção Brasileira. Não consigo nem explicar a emoção que senti quando vi meu nome sendo falado pelo Dunga. Sou um cara que trabalha muito, me dedico demais a minha profissão. E estou colhendo os frutos. Tenho uma idade boa, experiência no futebol internacional e me sinto preparado para servir a Seleção em qualquer competição.

Você é o artilheiro da Liga dos Campeões da Europa e chegou a fazer cinco gols no mesmo jogo, igualando recorde de Messi. É sua principal credencial para se manter na Seleção?

Essa está sendo mais uma ótima temporada. Por conta das inúmeras quebras de recorde e da artilharia da Champions, meu nome foi mais falado, mas há algum tempo venho fazendo ótimas temporadas pelo Shakhtar, conquistando títulos e a artilharia de muitas competições. Não é à toa que me tornei o maior artilheiro da história do clube. Não foi só nesta temporada. Venho mantendo a regularidade.

Apesar disso, você não é muito conhecido do torcedor brasileiro. Vê nessa turnê a chance de ser reconhecido em sua terra?

O assédio já está bem grande aqui no Brasil. Não esperava tanto. Tenho tirado muitas fotos e dado muitos autógrafos nessa semana que estamos no Rio. A Champions é um campeonato assistido por todo o mundo e, por ser o artilheiro na frente de grandes ídolos, como Messi e Cristiano Ronaldo, tive o nome  bastante falado. Ainda teve a convocação para a Seleção. Agora, com esses amistosos, o torcedor vai poder me conhecer mais de perto. Estou adorando esse assédio e o calor do povo brasileiro.

A popularidade do Shakhtar no Brasil tem sido grande, considerando a pouca proximidade do futebol brasileiro com o ucraniano. Estão de fato em casa?

A gente esperava um carinho grande, mas não da maneira como tem sido. Acho que por ter 13 brasileiros no time despertou a curiosidade do torcedor e, mesmo de longe, passaram a acompanhar. Por ter alguns jogadores na Seleção Brasileira e a participação na Champions ajudam também. E isso é muito bacana. O Shakhtar é pentacampeão ucraniano e, há alguns anos, tenta subir um patamar no escalão do futebol europeu.

A Liga dos Campeões ainda é um sonho distante?

A Champions é um campeonato dificílimo. Têm jogadores que dizem que é até mais difícil que uma Copa do Mundo. É um sonho pra gente. Não sei dizer se é tão distante, mas existem outras  equipes com investimento maior. Futebol se decide dentro do campo. O Bayern (adversário das oitavas de final) é hoje a melhor equipe da Europa e, talvez, do mundo. É a base da seleção alemã, campeã do mundo. Vai ser muito complicado, mas temos uma boa equipe e acredito que possamos sair com a classificação.

Por falar nisso, esses amistosos acontecem na pré-temporada dos clubes brasileiros. Vocês estão em um ritmo melhor. O Shakhtar é favorito nesses cinco jogos?

Assim como os times brasileiros, tivemos um mês de férias e voltamos a treinar alguns dias depois. Na questão do ritmo, vamos estar na mesma situação. O fator positivo é que não tivemos mudança no elenco, continua o mesmo. Isso pode ser uma vantagem, mas não sei se indica favoritismo.

Como é sua vida na Ucrânia?

2014 foi um ano marcado pela guerra e Donetsk era o centro do conflito. Na época, o time chegou a se mudar para Kiev... Ainda estamos morando em Kiev e mandando nossos jogos em Lviv. Donetsk ainda não está totalmente segura para voltarmos. Levo uma vida bem tranquila. Kiev não está sofrendo com ataques, estamos seguros. Mantenho minha vida normal. Levo e busco minha filha na escola, saio para jantar com a esposa. Nada de diferente.

Alguns jogadores como Diego Souza, do Metalist,  preferiram deixar a Ucrânia, e seis jogadores do Shakhtar  demoraram de voltar ao país por causa do conflito. Em algum momento você pensou em sair de lá também?

Não pensei em sair. Na época do início dos ataques, a diretoria já tratou de organizar a mudança de todos os jogadores e garantiu que em Kiev estaríamos seguros. Então, jamais pensei em não voltar ou sair por conta disso.

Com 13 brasileiros no elenco atual, deu para aprender ucraniano nesses sete anos?

Consigo me virar com a língua. Em Donetsk fala-se russo. Entendo algumas coisas, falo outras... Mas ter essa grande quantidade de brasileiros no time facilita a comunicação. Até o treinador aprendeu a falar português.

Entre os cinco amistosos que o Shakhtar fará no Brasil, um é contra o Internacional, clube que te revelou. Esse é o mais aguardado por você?

Assim como toda a minha família, sou colorado. É o clube que me revelou e onde conquistei meu primeiro título. Com certeza vai ser muito especial enfrentar o Inter.

O Bahia é o menos badalado dos cinco times que irão enfrentar. O que esperam encontrar aqui na Fonte Nova?

Não acompanhei os jogos do Bahia no Campeonato Brasileiro. Mas sei que o time passou por grandes dificuldades e acabou rebaixado. Pelo que pude ler e ver nos jornais e televisão, o  Bahia está com um presidente novo, passou por algumas mudanças  e isso é bom para o clube. Dá uma renovada no ânimo. O Bahia tem uma torcida apaixonada e muito grande. Vai ser gostoso enfrentar o Bahia e ver isso de perto. De coração, torço para que o clube se reestruture e volte para a primeira divisão. É um clube tradicional do Brasil.