William chama de ‘covardia e injustiça’ críticas a Marquinhos Santos e Fernando Schmidt
William Machado chegou ao Bahia em dezembro de 2013. Dois meses depois de assumir o cargo de diretor de futebol, o ex-jogador enfrenta problemas com os resultados dentro de campo. Em entrevista ao Bahia Notícias, o dirigente fez questão de defender o técnico Marquinhos Santos. Para ele, é uma “covardia” criticar o trabalho de quem só teve pouco mais de 30 dias para preparar um grupo. Mas o treinador não é o único que recebeu o apoio de William. O presidente Fernando Schmidt também foi defendido. O mandatário tem sido criticado por pouco aparecer em momentos importantes do Bahia, deixando as ações mais concentradas no vice-presidente Valton Pessoa e no assessor especial Sidônio Palmeira. O diretor de futebol, porém, vê mais uma injustiça nas críticas ao gestor. "É injusto. A ausência dele não existe por não participar. Existe justamente por participar, e muito. É ele que une todas as pontas e comanda com mão de ferro nosso Esporte Clube Bahia".
BN: Você está no Bahia há dois meses. Queria que você fizesse uma autoavaliação do trabalho neste período.
William Machado: Tem sido um período de muito trabalho desde quando eu aceitei fazer parte desta diretoria. Não teria como ser diferente, já que há muitas coisas para serem melhoradas no clube. É um clube de massa, muito grande no país, mas que ficou estacionado no tempo e, por isso, atualizações devem ser feitas para que o Bahia possa novamente almejar títulos de nível nacional. É um absurdo uma equipe igual ao Bahia não ter pelo menos uma Copa do Brasil entre seus títulos, já que a gente vê equipes com menor expressão e menor orçamento conseguirem alcançar títulos. Principalmente neste formato de competição, onde não é necessário tanto investimento, já que é uma disputa mata-mata. Mas fora isso, tem conceitos que estão parados no tempo e que a gente vem trabalhando para poder melhorar. Tem também a questão do orçamento. Há uma dificuldade muito grande de montar uma equipe competitiva respeitando o orçamento do clube dispõe. Então na área financeira tem o desafio de montar uma equipe, pagar em dia e ainda conseguir honrar os compromissos do passado.
BN: Você falou da questão financeira. Esta foi a maior dificuldade que você encontrou? E qual é a principal diferença em trabalhar no futebol nordestino?
WM: Isso sem dúvida nenhuma é um problema que é grave em qualquer segmento, não só no futebol. No futebol é pior porque envolve a paixão. E a paixão acaba sobrepondo a razão e muitas vezes os erros aparecem mais justamente porque é uma coisa mais passional do que racional. Então o Bahia hoje tem realmente uma dívida grande e essa diretoria está trabalhando com muita determinação e muito empenho para poder equacionar, pagar o que deve e também se preocupar com o passado, presente e futuro. Eu falo pelo Bahia, mas tem outros clubes do nordeste que às vezes dão um passo à frente e depois dão dois para trás. E a gente tem que buscar sempre a excelência. Eu vejo que hoje o eixo Sul-Sudeste está à frente neste quesito. Ainda há uma resistência maior a certas mudanças em relação a buscar maior produtividade, a termos como meritocracia, isso tudo ainda parece ser novo aqui. Mas o Nordeste tem grande potencial, é um povo apaixonado, principalmente pelo futebol. A torcida do Bahia já deu prova disso, a do próprio Santa Cruz, inclusive na Série D, então a gente precisa que conceitos, que não são só conceitos do futebol, mas também empresariais, sejam também adotados no Norte-Nordeste, para que a gente dispute de igual para igual a as competições. Porque com essa desigualdade financeira muito grande a gente não consegue competir com os grandes que já evoluíram no eixo Sul-Sudeste.
BN: Qual é a diferença do seu trabalho no Bahia e no Corinthians? Lá, se fala que você tinha um papel de intermediador, entre a direção e o time, enquanto aqui parece tomar mais decisões.
WM: O diretor de futebol também é um cargo político, então, por isso, também interfere na política, no dia-a-dia do clube. E o cargo que eu tive lá, de gerente de futebol, é mais técnico. Ficava envolvido no meio termo entre a política e a parte técnica, mas muito mais a parte técnica. Então eu gerenciava os problemas do departamento, principalmente o que dizia respeito à equipe de técnicos e atletas. Ou seja, é uma presença muito maior no campo de treinamento. Hoje, em qualquer instituição, a função de diretor tem mais poder, responsabilidade, e autonomia. Mas não quer dizer também que as decisões sejam unilaterais. As decisões que mais comprometem o clube são decididas pela diretoria, com a chancela do nosso presidente. Não tem nenhuma decisão, que implique principalmente no presente ou no futuro do clube, que não passe pela diretoria e não tenha o aval do nosso presidente.
BN: Marquinhos Santos ainda não conquistou a confiança da torcida e da imprensa, apesar da vitória sobre a Jacuipense. Até que ponto o clube continua apostando no trabalho do treinador?
WM: Primeiro, a gente tem que pensar o tempo de trabalho que o técnico teve. No meu ponto de vista, é uma covardia, com pouco mais de 30 dias, na verdade, 33 dias, você jogar oito vezes e querer avaliar um trabalho. Porque não teve tempo de trabalho. Você joga, descansa para o próximo jogo e tem que ganhar todos. Porque um clube grande tem que ganhar todos. A gente vê algumas grandes falhas na equipe principalmente pela falta de treino. E nós não tivemos o tempo de treino necessário. No Campeonato Brasileiro, o mês que a gente mais vai ter jogos é agosto, com sete partidas. Em menos de um mês, jogamos oito. Em 24 dias. Tivemos nove dias de pré-temporada quando o ideal, falando em calendário, são 30 dias. Eu entendo a ansiedade do torcedor, a gente também tem essa ansiedade que o time não só jogue bem, mas vença. Agora, tem que ter a noção de que se modificou boa parte do elenco, é uma comissão técnica nova e aí essa cultura imediatista é muito prejudicial para o futebol. Hoje, Mano Menezes, no Corinthians, Renato Gaúcho, no Fluminense, e Paulo Autuori, no Atlético Mineiro, são questionados. Todos com elencos que se modificaram muito menos que o do Bahia e que tiveram menos jogos, ou seja, tiveram mais tempo. E, ainda assim, é injusto. Imagina com a gente, com um técnico que não teve tempo de trabalho? Porque nesses noves dias teve a parte física. E você tira cinco dias para trabalhar alguma parte tática e depois acabou. Já tem que jogar. Então, realmente, no meu ponto de vista, há uma precipitação. Volto a falar: eu entendo o torcedor. Quando a gente vai ao estádio, queremos ver o time pronto. Mas agora a gente vê a equipe criando oportunidades. Isso já é uma evolução muito grande, porque no futebol criar é muito mais difícil. Mas óbvio que a gente está precisando ter um jogo mais consistente no primeiro e no segundo tempo. E, além disso, o treinamento é desgastante. Não adianta treinar por treinar, porque tem que exigir dos atletas. Se não houve exigência, não tem ganho. E, pelo menos até ontem [12 de fevereiro], a gente não teve tempo para isso.
BN: Como ex-jogador e conhecedor do assunto, como é sua relação com o técnico Marquinhos? E diante de todas essas circunstâncias, como avalia o seu trabalho até o momento?
WM: Minha relação a melhor possível. O Marquinhos é um técnico da nova geração, muito capacitado e moderno, não só com ideais, mas colocando essas ideias em prática no dia-a-dia. Porque muitas vezes a ideia é bonita, mas na prática ela não se dá. Ele mantém o que fala e procura fazer nos treinamentos. A avaliação que eu faço não é pelos resultados, porque eu só posso avaliar se der tempo de trabalho. É a mesma coisa de pegar um jornalista ou repórter e em uma semana ou duas em uma emissora nova, avaliá-lo e achar que ele pode ser mandado embora. Essa é a forma como eu penso, como entendo futebol. Como os trabalhos, por exemplo, dos técnicos que ficaram mais tempo no cargo,: Tite, ou o próprio Mano, na última passagem no Corinthians, Marcelo Oliveira no Cruzeiro que ganhou o Brasileiro. Mas antes de ganhar o nacional, perdeu o Campeonato Mineiro, foi eliminado na Copa do Brasil, porque passou também por uma mudança de comissão técnica e a chegada de novos jogadores. E a gente está falando de orçamento muito maior do que o do Bahia. O tempo para os técnicos, não só Marquinhos, é necessário. É injusto querer avaliar um trabalho com 20, 30 dias. Ainda mais quando não se tem tempo de treinar, como foi o caso. Porque você lida com a situação de ter que dar entrosamento a sua equipe quando estiver jogando. Aí não tem como fazer um rodízio de jogadores, porque você tem que achar o entrosamento o mais rápido possível. A gente está correndo um risco muito grande de ter jogador lesionado porque o calendário é cruel com o futebol brasileiro. Principalmente com o Bahia, por causa dessas mudanças que eu falei: comissão técnica e chegada de novos atletas. É um absurdo, é muito perigoso e irresponsável ter um calendário desse jeito.
BN: Qual a principal mudança de mentalidade que você tem tentado colocar em prática no Bahia?
WM: A mentalidade de que a gente tem que buscar excelência, melhorar a cada dia. Um dia não pode ser igual ao outro. O dia seguinte tem que ser sempre muito melhor que o anterior. Temos que evoluir a cada dia, porque senão nossa vida vai ser vir, treinar por treinar, e a gente vai passar mais um ano brigando para não cair no Brasileiro. Ganhar o Campeonato Baiano é muito importante, mas a gente não pode ficar satisfeito só com isso. Quando eu aceitei o convite, eu não vim para cá pensando em ser campeão baiano e manter o time na primeira divisão. Isso é muito pouco para um time igual ao Bahia. A torcida quer mais, a gente quer mais. Então a maior mudança é justamente a gente trabalhar para que as pessoas, os funcionários e os atletas passem a acreditar que são capazes, que é possível brigar por uma Libertadores ou uma Copa do Brasil. Eu já joguei em equipes menores que sonharam, lutaram em campo e que chegaram pelo menos a uma semifinal da Copa do Brasil. Cheguei a ser campeão com uma equipe grande, mas eu sei o sacrifício que é, a batalha, a entrega, a dedicação. E esse tipo de mentalidade se constrói no dia-a-dia de trabalho. E todos têm que acreditar que é possível. Porque se a pessoa não acreditar, não adianta. A gente não consegue acreditar pela pessoa. Se uma pessoa não quer mudar, a gente não vai mudar a pessoa. É a mesma coisa. Ela tem que entender que é importante, seja o caso de uma alcoólatra ou de um fumante, a gente não muda. Mas se ela quiser, tem a capacidade. A gente vai ajudar e dar exemplos que é possível mudar essa mentalidade, mas no final é cada um que tem que passar a acreditar. As pessoas precisam ver que é possível, ainda mais em um clube como o Bahia.
BN: Agora sobre contratações. O Bahia trouxe Maxi e Emanuel Biancucchi, Galhardo, Pittoni, os zagueiros Anderson Conceição e Sérgio, o volante Diego Felipe, o meia Branquinho, os atacantes Jonathan Reis, Rafinha, Hugo e Rhayner. Destes, são titulares apenas Maxi, Rhayner, Guilherme e Pittoni. Houve erro nas contratações? Como avalia?
WM: Não, não houve erro. A gente não contratou esses jogadores achando que todos seriam titulares. Até porque o elenco que ficou no ano passado, a gente entendeu que poderia nos ajudar. E quando você assina contrato, não tem uma cláusula dizendo quem vai ser titular ou reserva. É o dia-a-dia que mostra. Além disso, os atletas que estavam aqui não vão simplesmente entregar a camisa e dizer: ‘Jogue você’. Então é óbvio que todos não seriam titulares. A adaptação, o processo, o tempo é natural, porque, como eu disse, para você evoluir é preciso de treinamento. Tem uma máxima que eu falo: ‘A repetição é a mãe da habilidade’. O jogador que chega no profissional não está pronto. Ele ainda precisa evoluir. E toda mudança de ambiente, de comando, de esquema tático, para o jogador é mais demorado de assimilar e entender o que o técnico quer. Se você me perguntar se todos os jogadores estarão até o final do ano, eu não sei. Quem vai dizer são os próprios jogadores e com o rendimento que eles tiverem. A gente não tem uma bola de cristal para dizer que o jogador é ruim, não presta. Ele pode não render aqui e ir para outro clube e jogar muito bem. O ambiente de trabalho no futebol, muitas vezes, é encarado como uma coisa totalmente comum. E não é. O ambiente interfere diretamente na produtividade. Por isso tem atletas que saem vaiados, escorraçados de uma equipe e brilham em outras.
BN: No que você tem se baseado para contratar jogadores? E quais são as prioridades nesse momento? É um atacante e meia mesmo, ou há outras posições em questão?
WM: Quando a contratação é feita, eu não contrato sozinho. Aqui no Bahia as coisas são discutidas e analisadas de acordo com o critério técnico, financeiro e comportamental. Tudo isso levamos em conta, pensando no custo benefício. Fazemos isso junto com o técnico e a diretoria. E vamos vendo o que pode ser feito de correção no planejamento, porque às vezes não está correspondendo tanto, a gente precisa um pouco mais. Hoje se fala muito em um camisa 9. A gente tem consciência que alguns atletas não renderam, até por conta dessa sequência desgastante e desumana. Então a gente pensa em trazer um ou dois nomes para compor esse elenco, para que fique mais forte, mais competitivo. Além de todas as análises financeiras, técnicas e de comportamento que a gente tem que fazer, para chegar a nomes. O futebol brasileiro está muito inflacionado. A gente tem dificuldade de trazer um nome que seja unanimidade, acho muito difícil. Mas acreditamos muito que os atletas que vieram vão conseguir juntamente com os demais fazer com que o Bahia fique mais forte.
BN: Como funciona as indicações do treinador para as contratações? Recentemente Marquinhos admitiu ter indicado o meia Lincoln, do Coritiba. A diretoria acredita que ainda é cedo seguir essas indicações pela própria situação do técnico no momento, que ainda tem a desconfiança do torcedor?
WM: A desconfiança parte da torcida ou da própria imprensa e não da diretoria. A imprensa acaba influenciando, a gente sabe o poder que a imprensa tem. Se escolher um ou outro para falar mal, o torcedor que não acompanha o dia-a-dia, que não vê os treinamentos, até porque não pode, mas a imprensa acompanha boa parte, cria sua opinião. Mas quem mais conhece é o técnico e a gente que está vendo os jogadores. Quando o jogador é substituído tem “N” fatores sendo levado em conta, tem estudos que fazemos aqui para saber quanto tempo o jogador suporta. Justamente para não corremos o risco de ter uma lesão. Como já tivemos atletas lesionados e é um prejuízo muito grande para o clube, já que é um atleta fora de combate e a gente pagando. A gente, então, tenta controlar ao máximo. O Maxi, ontem [na vitória por 1 a 0 diante do Jacuipense], foi substituído em função disso. A gente sabe o que está fazendo, sabe que dieta precisa. Conversa com o atleta para saber até onde ele está desgastado. Mas teve aquela manifestação [a torcida vaiou o treinador Marquinhos Santos no momento da substituição de Maxi Biancucchi] e é compreensível diante dos resultados. Mas depois que sabe o motivo é importante refletir. E o Marquinhos tem participação total nas contratações. A palavra final não é a dele, mas ele indica nomes, a gente também passa. Então, sentamos na mesa, discutimos o custo benefício e chegamos a um consenso. E quando falo consenso, não necessariamente é o jogador indicado pelo técnico, diretor ou presidente, mas o que a maioria entende que é o melhor no momento.
BN: Em relação à troca de Feijão por Rafinha. À época a diretoria alegava que o Bahia precisava de um atacante e parecia entender que a posição de volante não era carente. Mas agora negocia com Uelliton, um volante. A diretoria entende que houve um erro nessa troca?
WM: Não. Havia o interesse dos dois clubes e isso ia beneficiar os dois lados. Quando você analisa ‘esses atletas terão este rendimento’, você cria uma expectativa em relação a alguns atletas. Não vejo isso como erro. Pode ser considerado por muitos, mas a condição que o atleta veio foi uma negociação muito interessante para o Bahia também, sem ônus e isso se torna uma situação diferente. [Uelliton] É um atleta que tem qualidade, que já demonstrou isso e que pode nos ajudar.
BN: Sobre essa vinda de Uelliton. Quais são as bases da contratação? A diretoria não acha que foi uma contratação de risco, pois o jogador, além de ter identificação com o Vitória, tem um histórico de polêmicas e principalmente a fama de "barqueiro"?
WM: A gente não pode ficar externando detalhes de contrato. Mas foi interessante a negociação para o Bahia e foram analisado vários aspectos, inclusive o de comportamento. E está previsto em contrato, não só dele, mas de todos os atletas, que o vínculo pode ser rompido por justa causa. Esse tipo de preocupação a gente passa para todos os atletas, já que estamos em Salvador, que tem muito atrativos noturnos. Mas o atleta tem a obrigação de treinar, de se dedicar. Óbvio que o jogador de futebol não vai viver encarcerado. Já vi muitas vezes o jogador estar em dia de folga e as pessoas tirarem fotos, filmarem e aí não posta no dia, mas espera um dia depois para apertar o jogador. Então há também uma pré-disposição de criticar muito os atletas mesmo no período de folga. Que é uma cultura muito errada, porque o jogador é uma pessoa como outra qualquer, que tem que espairecer, se divertir, relaxar. Tudo dentro do que é permitido para um atleta fazer. Estamos atento para que nenhum atleta do Bahia se exceda e precise ser punido ou rescindir por justa causa.
BN: E a situação de Souza e Neto? Você já falou que Souza ainda está conversando sobre a rescisão. O que falta para isso?
WM: Com Souza nós já temos conversas adiantadas. Falta o jurídico da parte de Souza analisar a proposta e dar o ‘ok’, mas acredito que há grande chance de sair, porque a forma já foi desenhada e o atleta queria. Além do que a advogada já fez outros acordos com o Bahia, representando outros jogadores. Então não vejo muita dificuldade, mas enquanto não for assinado, o Souza ainda é atleta do Esporte Clube Bahia. Em relação ao Neto, tivemos algumas conversas no início do ano e depois também foi apresentada para ele uma proposta. E, dessa forma, ficou a cargo do atleta levar até o advogado dele e nos dar um parecer. O atleta ainda não deu um retorno.
BN: Algumas dessas contratações para 2014 foram concentradas em jogadores de dois empresários, Eduardo Uram e Régis Chedid. Você já havia falado que é algo natural, mas a diretoria também não acha natural a torcida questionar jogadores dos mesmos empresários, até por ter sido uma prática comum da antiga gestão, e que também era condenada?
WM: A gente analisa os atletas. Se você fizer uma pesquisa de mercado, você verá que tem entre quatro e cinco agentes que dominam o mercado. E o que é mais comum é que agentes, que não tem uma expressão tão grande, quando começa agenciar um atleta que se destaca, os empresários fazem o que chamam de parceria no atleta, vendendo parte do direito econômico ou fazendo negociações conjuntas. Porque os quatro ou cinco grandes hoje no mercado têm portas abertas não só no Brasil, mas no mundo todo. Então é uma prática do mercado fazer isso. Se você me perguntar se eu prefiro ter atletas de diferentes agentes para não pairar essas dúvidas, com certeza eu preferiria. Mas eu não vou deixar de contratar atleta que a gente acha que vai ajudar porque já tem dois jogadores deste empresário. Se não for, melhor. Mas se for, vamos trazer do mesmo jeito porque a gente pensa no clube e não podemos pensar no que vão falar.
BN: Até quando vai o seu contrato com o Bahia? Nesse perído, qual o seu principal objetivo no clube: títulos, reestruturação da equipe ou estabilidade financeira?
WM: Meu contrato vai até o final do ano. A minha maior meta é fazer um Bahia competitivo, que possa realmente almejar títulos nacionais. Óbvio que o estadual é importantíssimo, mas eu almejo além disso. A parte financeira, o novo diretor Reub [Celestino] tem trabalhado dia e noite para resolver isso. Discutimos juntos um modo do departamento enxugar ao máximo para poder dar essa folga financeira. O futebol é o carro-chefe, o Bahia existe por causa do futebol, então é prioridade, mas nem por isso é exclusividade. Por isso, é importante trabalhar com todos os departamentos. A minha maior missão é essa: estruturar o futebol, dar uma visão mais moderna, mudar esse conceito de ‘estar na primeira divisão’ é o suficiente, até porque eu tenho esse DNA muito competitivo, sou assim desde mais jovem. Tive a experiência de jogar em equipe pequeno e ser campeão e jogar em time grande e também ser campeão. Sei que é possível nos dois casos. Hoje nós temos uma equipe grande como o Bahia, trabalhando com o orçamento de uma equipe média, porque temos uma dívida muito grande para ser eliminada. Mas com uma torcida apaixonada, com um potencial incrível, temos que fazer com que esse clube mude a mentalidade. Temos que viabilizar, no departamento de futebol, que o que o torcedor almeja fique mais perto da realidade. O que a gente estava vendo é que existe uma distância muito grande entre a realidade do Bahia com o que o torcedor quer.
BN: Critica-se muito a atuação (ou a falta de atuação) do presidente Fernando Schmidt. Nos momentos importantes, quem tem vindo a publico falar é Valton ou Sidônio. Afinal, a quem você tem se reportado em suas decisões?
WM: Primeiro que quem fala isso do nosso presidente é quem não o conhece e não conhece o dia-a-dia dele, o quanto que ele trabalha. É injusto, pode ser considerado até um covarde porque está falando o que não sabe. E quem fala o que não sabe, para mim, é covarde. A gente trabalha em conjunto, não só eu, Valton, Sidônio e o presidente, como as outras diretorias. As reuniões são sempre presididas pelo nosso presidente e em alguns momentos em que ele não está presente é porque ele está trabalhando em alguma coisa em prol do Bahia que só ele pode fazer. A gente não precisa identificar onde o presidente está, que horas está e o que está fazendo. Mas a gente tem total certeza e ciência que a ausência dele não existe por não participar. Existe justamente por participar, e muito. Ele está indo atrás de coisas para o bem do Bahia. É um abnegado, não precisaria passar pelo o que estar passando, sendo criticado de forma leviana. Mas, ainda assim, é ele quem sustenta nossa diretoria, é ele que une todas as pontas e comanda com mão de ferro nosso Esporte Clube Bahia.
BN: Em qual estado você encontrou a base do Bahia? O que você está tentando mudar? Você já falou de uma reestruturação. Como seria?
WM: A base do Bahia, quando eu cheguei aqui, realmente estava em uma situação é muito complicada. Essa reestruturação é uma necessidade percebida por toda diretoria, do presidente ao diretor. Quando eu cheguei disse que teríamos que fazer algo na categoria de base. Porque não poderia ficar do jeito que estava. Então estamos fazendo alguns estudos para que uma nova forma estrutura de categoria seja feita. Mas isso não é da noite para o dia. A gente precisa dividir o tempo entre base e profissional, obviamente dando prioridade ao profissional, mas sem deixar de voltar os olhos para base. Afinal é onde a gente pode buscar novos talentos. E nós já temosfeito isso, com atletas como Raillan, Pará e outros que a gente vê que tem capacidade de ir para o profissional.
BN: Recentemente houve a demissão de Carlão, coordenador da base, e Roberto Passos, supervisor de futebol. Com essas saídas, está fechando o ciclo de reestrutução na direção do Tricolor?
WM: Carlão e Roberto Passos caíram a partir de uma decisão conjunta. Então nessa reestruturação teve o desligamento desses dois profissionais, que são excelentes. As saídas foram por conta dessa reestruturação e nada além disso. As mudanças estão sendo feitas a partir de observações da direção. Não é da noite para o dia e óbvio que a gente tem o objetivo de melhorar.
BN: Muito se reclama da falta de tempo para a pré-temporada, você inclusive falou sobre isso na entrevista. Acha que foi um erro já começar a temporada com o time principal e não ter colocado, por exemplo, um time sub-23, como fez o Atlético-PR, para preparar o time para fase final do baiano e o brasileiro?
WM: A gente não tinha condição de fazer isso. Primeiro que eu não estava aqui no ano passado. Cheguei em dezembro, quando tinha acabado o Campeonato Brasileiro. E tem a Copa São Paulo em janeiro, então demandaria um tempo maior de planejamento. Ou seja, a partir de julho e agosto a gente já deve planejar isso. O Bahia, lutando contra o rebaixamento, não tinha outro foco além de fazer o time permanecer na Série A. Teve êxito, mas, em compensação, teve problema com a pré-temporada. Mas, mesmo que eu não fique ano que vem, minha sugestão é que, se for nos mesmos moldes deste ano, se forme uma equipe que seja até mesmo o sub-18 para disputar a Copa do Nordeste, pelo menos a primeira fase. Porque ter atletas profissionais jogando com nove dias de treinamento contra outra equipe profissional que está treinando há dois meses é fazer com que os jogadores sejam humilhados. E eu, como ex-atleta, não vou compactuar com isso. Pelo menos minha sugestão será que não mandemos os principais jogadores porque nesses moldes atuais tem ficado ruim.
BN: Neste momento de impaciência da torcida do Bahia, que mensagem você pode deixar para o torcedor, quem mais sofre com tudo isso?
WM: Eu sei que o torcedor sofre muito, mas a gente também sofre. Peço que tenha um pouco mais de paciência, tenha certeza que estamos trabalhando. Não se monta uma equipe campeã da noite para o dia. Demanda tempo. Estamos trabalhando para ter essa tranquilidade, para que o torcedor tenha essa alegria que ele tanto espera. A gente sabe que está demorando um pouco, mas que ele saiba dos problemas que essa gestão está enfrentando nesses poucos mais de seis meses, mas que logo logo estaremos comemorando juntos.
Nota UTB – Data vênia o ilustre e poderoso Diretor, mais utilizar a palavra “covardia” para “supostas” críticas a quem quer que seja num clube de futebol, ultrapassa os limites da falta de educação e da razoabilidade.
Se o “prestador de serviços” ainda não percebeu, TODOS os clubes e seus Dirigentes recebem criticas de setores da Torcida e da imprensa livre. Inclusive, o clube onde ele encerrou a carreira e iniciou a “profissão” de Dirigente por apenas 30 dias.
Há de se lembrar de que o Presidente de Fato: Sidônio Palmeira, numa atitude inédita, resolveu escancarar a todos “quens” e quais setores da Imprensa recebiam “Jabá” para apenas falar bem da gestão que ora estava no poder.
Creio que a atitude do Dirigente citado, objetivou acabar com a opinião comprada. Portanto, devolvendo a liberdade de manifestação.
Apenas nas Ditaduras mais cruéis, os Dirigentes “não podem” receber criticas. Até porque, se isto ocorrer, pode aparecer alguém transcendendo imbecilmente os limites da razoabilidade.
Realmente, os Dirigentes do Bahia, apesar de tantos marqueteiros, ainda não aprenderam a hora de ficar em silêncio. Isto também pode ser um excelente comercial. Fica a dica.
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Fonte: Cláudia Callado/Lucas Cunha – Bahia Notícias
Foto: Divulgação / Esporte Clube Bahia